Vamos falar de um assunto muito sério: má educação com pessoas deficientes visuais. Preferimos pensar que as pessoas não fazem com uma intenção ruim, mas isso é algo que irrita e incomoda muito. O deficiente visual precisa, muitas vezes, de informações de pessoas videntes: se é o ônibus certo, se há obstáculos e perigos não sinalizados. Agora imagine o quão ruim deve ser quando uma pessoa, propositalmente, coloca um DV no ônibus errado. Ou quando fica desorientando-o dizendo “Olha o buraco!”, “Cuidado!” sendo que não há buraco ou perigo algum. Algumas (não todas, ainda bem) pessoas fazem isso! O que para um vidente é somente uma brincadeira, para o deficiente visual é algo muito sério. Ele depende dessas informações que são visuais. Por isso é importante que a pessoa que passa informação seja o mais sincera e detalhista possível. Se não souber informar, diga a verdade, ou peça à alguma pessoa que saiba.
Alguns comentários são tão maldosos, que muitas vezes é preciso fingir não ouvir, como “Olha a ceguinha! Saí da frente que a ceguinha está vindo e vai bater com aquele troço!”. Primeiro, não é preciso que as pessoas fiquem afastadas de um deficiente visual. Segundo, cegos não usam troço algum, e sim bengala. E terceiro, às vezes pode ocorrer da bengala bater em alguém, mas não é propositalmente. Há também pessoas que não dão passagem e julgam-se no direito de serem mal-educadas e falar: “Se eu não quiser sair da frente, eu não saio!”. Outras pessoas preferem não falar nada, simplesmente empurram. Deficientes visuais não precisam ser empurrados, mas sim orientados!
Outra situação absurda, mas que não é tão rara de acontecer, é pais colocarem medo na criança dizendo: “Cuidado, a tia vai te pegar hein, fica direitinha”. Deficientes visuais não são o homem-do-saco, muito menos o bicho papão ou boi-da-cara-preta. Ensinem suas crianças a respeitarem e terem educação, não a terem medo.
Não deixem a educação guardada em casa!
Por fim, segue abaixo uma lista de como comportar-se com uma pessoa deficiente (SASSAKI, 2005):
Dicas gerais diante de uma pessoa com qualquer tipo de deficiência
- Converse com ela respeitosamente, sabendo que ambos desejam ser respeitados como seres humanos.
- Comporte-se de igual para igual, ou seja, considerando que vocês dois possuem a mesma dignidade.
- Aceite a outra pessoa como ela é, assim como você espera ser aceito do jeito que você é.
- Ofereça ajuda sempre que notar que a pessoa parece necessitá-la. Pergunte antes de ajudar e jamais insista em ajudar. Se ela aceitar a ajuda, deixe que ela lhe diga como quer ser ajudada.
- Lembre-se de que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos garantidos a todos os povos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição de cada país.
Diante de uma pessoa com deficiência visual
Pessoa Cega
- Se andar com uma pessoa cega, deixe que ela segure seu braço. Não a empurre; pelo movimento de seu corpo, ela saberá o que fazer.
- Em lugares estreitos para duas pessoas caminharem, ponha o seu braço para trás de modo que a pessoa cega possa seguir você.
- Se estiver com ela durante a refeição, pergunte-lhe se quer auxílio para cortar a carne, o frango ou para adoçar o café, e explique-lhe a posição dos alimentos no prato.
- Num restaurante, é de boa educação que você leia o cardápio e os preços, se a pessoa cega assim o desejar.
- Se for auxiliar a pessoa cega a atravessar a rua, pergunte-lhe antes se ela necessita de ajuda e, em caso positivo, atravesse-a em linha reta, senão ela poderá perder a orientação.
- Se ela estiver sozinha, identifique-se sempre ao aproximar-se dela. Nunca empregue brincadeirinhas como: “Adivinha quem é?”.
- Se for orientá-la a sentar-se, coloque a mão da pessoa cega sobre o braço ou encosto da cadeira, e ela será capaz de sentar-se facilmente.
- Se observar aspectos inadequados quanto à aparência da pessoa cega (meias trocadas, roupas pelo avesso, zíper aberto etc.), não tenha receio de avisá-la discretamente a respeito de sua roupa.
- Se conviver com uma pessoa cega, nunca deixe uma porta entreaberta. As portas devem estar totalmente abertas ou completamente fechadas. Conserve os corredores livres de obstáculos. Avise-a se a mobília for mudada de lugar.
- Se você trabalha, estuda ou está em contato social com uma pessoa cega, não a exclua nem minimize a participação dela em eventos ou reuniões. Deixe que a pessoa cega decida sobre tal participação. Trate-a com o mesmo respeito que você demonstra ao tratar uma pessoa que enxerga.
- Se for orientá-la, dê direções do modo mais claro possível. Diga “direita”, “esquerda”, “acima”, “abaixo”, “para frente” ou “para trás”, de acordo com o caminho que ela necessite percorrer. Nunca use termos como “ali”, “lá”.
- Indique as distâncias em metros. Por exemplo: “Uns 10 metros para frente”.
- Se for a um lugar desconhecido para a pessoa cega, diga-lhe, muito discretamente, onde as coisas estão distribuídas no ambiente, os degraus, meios-fios etc.
- Se vocês estiverem numa festa, diga à pessoa cega quais as pessoas presentes e veja se ela encontra pessoas para conversar, de modo que se divirta tanto quanto você.
- Se for apresentá-la a alguém, faça com que ela fique de frente para a pessoa a quem você está apresentando, impedindo que a pessoa cega estenda a mão, por exemplo, para o lado contrário em que se encontra a outra pessoa.
- Se conversar com uma pessoa cega, fale sempre diretamente, e nunca por intermédio de seu companheiro. A pessoa cega pode ouvir tão bem ou melhor que você. Não evite as palavras “veja”, “olhe” e “cego”; use-as sem receio. As pessoas cegas também as usam.
- Quando se afastar da pessoa cega, avise-a, para que ela não fique falando sozinha.
- A pessoa cega não vive num mundo escuro e sombrio. Ela percebe coisas e ambientes e adquire informações através do tato, da audição e do olfato. Ela pode ler e escrever por meio do braille.
- O computador também é um bom aliado, possibilitando à pessoa cega escrever e conferir os textos, ler jornais e revistas, via internet ou livro digitalizado, usando programas específicos (DosVox, Virtual Vision, Jaws, por exemplo) nos quais se fala o que está escrito na tela.
- Com a bengala ou com o cão-guia, a pessoa cega pode caminhar com autonomia, identificando ou desviando-se de degraus, buracos, meio-fio, raízes de árvores, orelhão, postes, objetos protuberantes nos quais ela possa bater a cabeça etc. O cão-guia nunca deverá ser distraído do seu dever de guiar a pessoa cega.
- Ao planejar eventos, providencie material em braille.
Pessoa com baixa visão
- Ao se tratar de pessoa com baixa visão, proceda quase das mesmas formas acima indicadas.
- Ao planejar eventos, providencie material impresso com letras ampliadas.
Pessoa surdocega
- Em geral, a pessoa com surdocegueira está acompanhada de um guia-intérprete, que utiliza diversos recursos de comunicação como, por exemplo, a libras tátil (libras na palma das mãos) ou o tadoma (pessoa surdocega coloca a mão no rosto do guia-intérprete, com o polegar tocando suavemente o lábio inferior e os outros dedos pressionando levemente as dobras vocais). Assim, pela vibração das dobras vocais, ela consegue entender o que a outra pessoa está falando. Há pessoas surdocegas que apenas não ouvem, mas falam; portanto, ela pode “ouvir” pelo tadoma e falar com a própria voz. Quando entrar numa conversa com uma pessoa surdocega, que utiliza o tadoma, deixe que ela faça o mesmo com você.
Por:
Michelle Jacinto
Waleska Silva Pomagerski